vendredi, juin 11, 2010

recado para alguém especial

Talvez não seja você nunca aí. E fica claro ao ler acerca do seu ser descrito aos poucos nesses diversos personagens sobre os quais escreve inopinadamente numa espécie de mosaico autobiográfico.
Pode ser que haja compreensão para todo intelecto humano, mas jamais para as sensações destituintes e construintes de uma alma.
Mas saiba: a intenção maior da realização que se faz aos poucos nessa descoberta do si – a escrita - é de uma aceitação daquilo que se sente de maneira confusa. Escrevendo se tira de dentro e organiza-se pouco a pouco as sensações. Por isso a corrida desenfreada por novas palavras, que nos traz uma ilusória capacidade de exprimir algo para sempre inextricável. (Faça um exercício. Em poucas palavras, cotidianas, mostrar a intensidade do que se sente ao ser.)
Mas tristeza maior é pensar que, ao descobrir-se não ser alguém “daqui”, descobre-se concomitantemente um ser que nunca sairá de dentro de ti. Um mistério obscuro e covarde. Que instiga, vomita partes de alma, mas nunca sairá por completo de dentro. Toma ações em nosso nome, por nós, perfeitos em corpo, em tese, em inteligência. Nos trai. Pois não se forma por completo em nosso humano. Aí está nossa mais humilde fraqueza. Nossa discordância. A incoerência de um menino normal e lindo como você que mergulha nas profundezas de um ser que te afoga. Afoga a todos nós. Ninguém se torna capaz de lê-lo. Ninguém é capacitado a ter uma compreensão isenta de julgamento. Então é preciso força. Mas parte de nossas almas é covardia. É uma luta contraposta. Que, espero eu, não acabe nunca.

Sorte. Amor.
Já dizia Nietzsche, "quem sabe sofre".

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