dimanche, mai 31, 2009

01:01

Receber aquele livro me deixou subliminar... Me concentro nos olhos fixos (?) de Fernando. Analiso seu rosto instigando o esmo, testa pretuberante, vazio facial, morbidez encharcada de serenidade. Passo rapidamente meus dedos por todas as páginas e abro esmeirando a doce escolha de minhas próprias mãos. Entorpeço-me a cada leitura tentando desvendar o pensamento fatalístico daquele autor. De cada um dele. Naquele momento, não hão de haver meros devaneios tolos a me torturar.
Aquele rosto manchado na capa me faz esquecer de seu inimigo. Seu "inimigo-fã". É contra, mas confia e vê nele até uma chance. Uma chance de conquistar, de não comedir e descobrir o amor. Quanta presunção... Mas o inimigo fez refletir porque agora eu já sonho bem, apesar de continuar não dormida. Você, Contra, arranjou a Terceira Perna de que precisava pra me fazer entender suas insônias...

EPITÁFIO DESCONHECIDO

"Por mais que a alma ande no amplo enorme,
A ti, seu lar anterior, do fundo
Da emoção regressa, ó Cristo, e dorme
Nos braços cujo amor é o fim do mundo."

Fernando Pessoa

(Marca passo: VIO LÊN CIA
livro especial. devo até escrever sobre sua existência ainda.)

samedi, mai 30, 2009

são qualquer coisa de intermédio



Minhas unhas laranjas tocam o espectro prata negróide do teclado e entram em sintonia. Olho suas imagens... Enxergo um Tio Sam em cima dos dois mundos... ê palhaçada. O Corbis é o máximo. Fiquei então atenta à redação que não fiz. Uma crítica de filme americano, um gordinho, muitos jovens, muitas armas e psicopatia. Tiros em Columbine.

Assim que vi a imagem, a legenda, o Tio Sam - aliás, não consigo não pensar que ele é o máximo ao olhá-lo - pensei que minha tese para a questão central do filme estava ali mais que pronta. Entregue a mim. É mais uma vez um teste rápido e simples.
A mim parece tão óbvio o quanto os americanos simplesmente matam mais por consequência daquele sorriso brejeiro de gente astuta do símbolo de seu país. Tio Sam. Aquele olhar marejado, de quem já tem tudo pronto, "dominamos". Eles dominaram. Cada ser daquele domina ao outro com as armas e insanidade incabível que cabe somente a cada ser daquele.

A morte dos Estados Unidos é diferente da morte brasileira. É morte seca, não há batalha, não há vingança, nem sentimento. É uma psicopática isenção de tudo. De alma à priório, mas também de vontades, até prazeres. Não há saciação alguma naqueles pobres indivíduos que matam aos outros para depois matarem a si próprios. Pobres coitados.


É Tio Sam, pura dominação. Vocês conseguiram. Dominaram sua gente, os fizeram autômatos, mas não foram capazes de saciar sua falta. Povo maçante. Falta de vontade de mudar.
Aqueles meninos de Columbine. Eles conseguiram. Dominaram o mundo. Ganharam um filme. Fizeram história. Eles dominaram.
O velho cavalo era lento demais para eles....

vendredi, mai 29, 2009

a cigana, a barata e ela

andar. andar. sentir. Aquele momento ante ela parecia ainda abstrato. Como ela sonhara. Sonho bobo, coisa pequena, posso jurar. Café numa segunda à tarde. Solidão. Clarice. Doce Solidão... Cada íngreme fato quase que se materializa em sua frente. Ela parece mesmo enxergar as baratas que sente em seu livro. Não as baratas, mas as baratas. Ela enxerga, ela sente. Pára. Sente.
Sente seu rosto, sua anteninhas batendo levemente em seus dedos tortos. Entorpecida, a menina cigana com uns olhos quase fechados por excelência, indaga-se o seu "não-medo" delas. As baratas. Elas são eternas, e fortes, e temidas. Fraquejam com certeza. Como ela. Como ele. Mas são fortes.
*angústia nessa parte da estória. angústia com a minúsculo. Minha psicóloga manda eu parar. Escrevo para ela para que ela tente sentir minha existência e curar minhas angústias. Pobres médicos. Não conto tudo a eles. Temo ser curada. Isso pode me matar antes da hora, vê-se pois. Deixe-me aqui, angustiada, até mesmo sem saber de quê, mas sob controle. Não obsoleta. Sob o meu controle descontrole.
Peço até que não me contem mais da tal digmastia... Aprendi a conviver, nem quero mais desvendar. E a incabível devoração de lágrimas e decepações de noites já me enjoou. Não tem mais graça. Cansei e decidi que não quero mais. A matei então. Não a barata. Não a menina. Não a cigana. A aula. Saí e tentei reparar em algo que não foi reparado.
- Eu não - preciso mais. Muitos me reparam por mim. Eles, os médicos. Me reparam toda terça, quintas e sábados. Meus pais me reparam toda noite. meus colegas, com VÊ minúsculo, bem às vezes. MEU mistério. Esse me repara sempre... é mágico.
Andei às ruas. Pensava em ver alguém. Des-pensa pensamentos. Lia coisas, via revistas. "Emagrecer pode ser uma delícia". Pura besteira, só besteira, muita besteira. Banalização total da besteira. Ainda bem que ela chegou. Ah, ela foi a única capaz de me acender esse dia. Acendeu até minha semana. Preciosa...
Jornalista, Londres, um noivo, ator, um cozinheiro, excêntrico, ingleses em inglês, um romance. Preciosa. Obliterando o ar. Ela obliterava a vida.

quase real

passado passou
passageiro
ligeiro.
brincou,
palhaçou ,
com seu passageiros.


foi quase um beijo,
quase natural
autômato incrédulo
somando-se à sombra



a sombra da personificação.
a personificação da sombra.
que quase viveu,
ela quase viveu.

lundi, mai 25, 2009

Silêncio
... preciso morrer.
já morri algumas vezes.
às vezes é preciso morrer pra viver...
ando com saudades de Deus!


(Clarice Lispector)
"Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.
Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.

Para viver a dois,
antes, é
necessário ser um."

Fernando

lundi, mai 04, 2009

uma boa invenção

é uma boa invenção,

cheia de erros
metamorfoses e
anonimatos famosos

é uma boa invenção,

cheia de dúvidas,
incertezas.
carregada de emoção

tem de presente uma vida,
três lágrimas
e 17 hienas famintas

tem de presente uma flor
três laços
e vinte dias

vinte dias mentirosos.
calorosos, ultimatos, encenados, atrasados, apressados, inventados, cantados, dançados, chorados.

vinte dias mentirosos...

M E D O

Vaza... em palavras pegando fogo.

quem dera fosse de amor

mão, pele.
pele, mão.
toque, sutileza,
até gentileza.

sim, ficou marcado.
mas a primeira
experiência
é muito,
mas muito mais
dolorosa que imaginava
a esperançosa
experiência branda
da menina jovem.

quem dera fosse de amor
a dor de amor
é dor mantida cega.

a dor do medo,
a dor da subordinação ,
da doença
é que destrói
cada toque
de um amor que,
este assim,
a fora arrancado do peito.

vendredi, mai 01, 2009

Vaza.. em palavras mornas.